sábado, 12 de novembro de 2011

ENTRE NÓS com Maria Emília


Kazuo Okubo - exposição montada no piso térreo do Brasília Shopping por ocasião do Dia dos Namorados.

AMOR TEM SEXO?
Maria Emília Bottini

Precisamos ampliar nossas visões do amor, dos amores e dos amados. Estive numa exposição de fotografia chamada: Eu Te Amo, fotos de vários corpos em várias posições e situações, todos lindamente nus, em sua forma pura, primitiva. A nudez que nos transforma em primitivos e em apenas corpos sem adornos e enfeites, homem com homem, mulher com mulher e homem com mulher.

Essa exposição de lindas e belas imagens foi em comemoração ao dia dos namorados, penso que não deveríamos ter datas para comemorar sentimentos e, evidentemente com o detalhe de que podemos comemorar datas e sentimentos se consumirmos algum objeto, algum produto, como é incrível o dito capitalismo que a todos seduz ou pelo menos quase a todos que tem grana para gastar no comércio vasto de necessidades compensatórias como refere Gorz.

Corpos bonitos, bem tratados, bem alimentados, sarados estavam em grandes e belas fotos feitas em espaços públicos da capital do Brasil, a tal Brasília, obras do fotógrafo Kazuo Okubo, que demonstra sensibilidade em cores, luzes, sombras e composições.

Qual nossa ideia sobre o amor?

Será que o mundo não esta pedindo para que a gente reveja os nossos conceitos e entendimentos de amor, tão somente pedindo que ampliemos nossas percepções de vida?

Ou tão somente pode ser considerado amor aquele entre homens e mulheres, mesmo que a duras penas e muitas vezes sob efeito de muita dor e lamentação?

Quando vamos ampliar nosso olhar para outras formas de amar que não seja a nossa, a que vivenciamos e sentimos? Talvez, em algum futuro próximo, as coisas mudem de figura e possam pelo menos respeitar mais as diversas formas de amar e ser amado.

Penso que todos deveríamos entender que está posto que existem homossexuais e que eles fazem parte do mundo há muitos mundos. São eles também detentores da capacidade infinita de amar e ser amados e este sentimento se torna um amor bom para o que deles desfrutam.

William Butler Yeats escreveu para seu amor Maud Gonne certa vez, “tivesse eu as roupas bordadas do paraíso tecidas com luz dourada e prateada, o azul e o escuro e os negros panos da noite e a luz e as metades luzes. Eu espalharia essas roupas sob os teus pés: mas, sendo pobre tenho apenas os meus sonhos. Eu tenho espalhado os meus sonhos sob os teus pés por isso, pise suavemente, afinal, você está andando sobre os meus sonhos.”

Muitas pessoas que amamos têm apenas seus sonhos espalhados sobre nossos pés, me parece que isso é da ordem do sagrado, do misterioso, do transcendente, portanto algo especial. Sonhos são coisas divinamente importante.

Yeats estava translucidado de paixão por todo o corpo e poros porque somente apaixonados escrevem palavras-vivas e emocionantes desta maneira.

O amor é feito de tudo que é intenso e também de tudo que é pouco.

Mas quem pode definir tal sentimento?

Nem os poetas, nem os amantes, nem os loucos.

Penso que somente podem defini-lo é quem o vive e desfruta da saborosa delícia de ser amado e idolatrado por outro ser diferente ou igual, isso não importa.

E não importa por quem estejamos apaixonados, o desejável é conseguir ser o melhor humano possível e cuidar de cada amor, cuidando dos sonhos, de cada dor com verdadeiro sentido de humanidade embutidos em cada gesto, em cada ação do existir.
Utópico?
Talvez, mas que todos os que acreditam no amor encontrem-no e espalhem seus sonhos sobre seus pés, seja quem for.

[1] Psicóloga, Terapeuta Comunitária, Professora Universitária e Mestre em Educação pela Universidade de Passo Fundo (UPF).

Nenhum comentário:

Postar um comentário